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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

18.Janeiro.2012


Tenho andando iludida… Conheço-te há demasiado pouco tempo para saber que mais tarde ou mais cedo me iria magoar, e por fim, hoje, esse dia chegou.
Dizem que os estalos e tropeções da vida nos fazem crescer, tornam as dores menores, o sofrimento tolerável e os erros em lições que mais tarde nos irão segurar o coração e impedir de vacilar junto à tomada de novas decisões.
Bem senti ontem no meu peito um aperto incontrolável e desmesurado, onde não encontrei qualquer razão de existência, mas que hoje prostrou diante dos meus olhos os seus alicerces.
Era isto que estava destinado a acontecer… Hoje descobri todas as tuas faces ocultas e a maior das desilusões abarcou-me a alma, não por aquilo que és, mas por me teres omitido durante tanto tempo algo tão importante e que dizia tanto acerca do teu carácter.
Sei que também nem sempre fui correcta contigo, nem sempre demonstrei o maior dos carinhos, nem tão pouco te revelei os meus sentimentos, mas tu sabias… sabias e sabes tão bem, que apenas quero resguardar o meu coração, já tantas vezes machucado.
Agora não sei… O meu coração aponta em duas direcções diferentes, tão distintas e tão inebriantemente confusas. Todos me dizem que estou errada, que o melhor é deixar para trás o início desta história, que teria tudo para dar certo, no entanto não sei porquê, não entendo… mas o meu coração não quer deixar-te.


quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

22.Dezembro.2011




Querido A.,

Olho para trás…
Talvez não estivesse tão ciente do sentimento que sinto por ti. Talvez não quisesse estar ciente desse sentimento, ou talvez fosse apenas o medo que me consumia por estar certa de que contigo, do meu lado, corria o risco de sofrer.
Não és nem de longe, nem de perto o meu tipo de rapaz… Não és tão inteligente quanto gostaria, não és bem-posto, não és simpático a todo o segundo e és sempre tão incapaz de assumir o que realmente queres. Mas depois… Oh depois! Depois és esse rapaz tão encantador do seu jeito… Mostras aquele sorriso inerte e perfeito, trocas aquele olhar altivo e destemido comigo e segues o teu caminho, dizendo um simples e terno “Bom dia”, que me arrepia a espinha e inebria a alma. És tudo aquilo que eu busco, quedando-me na desistência…
Não confessei nunca o que pensava sentir, não imprimi por um segundo que fosse em ti a capacidade que tinha em amar-te e por fim escapuliste-me por entre os dedos.
Soube hoje da tua partida…
Sempre achei que o teu futuro seria do meu lado, porque foste e julguei que sempre serias, o amigo constantemente presente nas horas penosas, mas hoje encontrei a tua mãe, aquela mulher docemente cativante, e ela contou-me dos teus planos para o futuro. Contou-me que desistiras dos estudos e pretendes partir pra longe, na busca pelo sonho que sempre tiveste em ingressar numa carreira militar.
E só eu sei como te apoiei nesse sonho antigo, mas agora julgava impossível ver-te partir assim… especialmente quando o meu frágil coração se predispôs a assumir aquilo que realmente sente em relação a ti.
“E agora?”, penso eu… É tarde demais! É demasiado tarde para te revelar os meus sentimentos, é demasiado tarde para te pedir que fiques, pois tudo está empacotado e as tuas malas já repousam junto da porta. É a hora da despedida e eu estou certa de que não quero e nem te irei ver partir.
Entrei dentro de casa, sentei-me na cama e apenas espreitei pela janela o cenário desolador: arrumaste as malas na bagageira, deste um beijo na testa do teu pequeno irmão e um abraço forte à tua mãe que chorava desgostosamente e depois partiste… Partiste sem ao menos me contares as tuas intenções, partiste sem te despedires. Partiste sem dizeres o quanto gostavas de mim e partiste sem ouvir o quanto te amei…